Games: devo jogar?

Ana Nakamura

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Certamente jogar por dever não é boa ideia, “dá jogo ruim” aliás. Por definição, um jogo deve acontecer por livre vontade do possível jogador, ou no caso, do idoso convidado. Os games de fato contribuem para melhorar nossa memória, desenvolver nossas capacidades de resolver problemas, nos colocar em uma outra realidade (ainda que temporária) – nos transportando para longe de preocupações e pequenos incômodos físicos ou emocionais, permitem ainda melhorar a coordenação motora e outras habilidades cognitivas e sociais. Mas nem sempre há jogo, e não há problemas nesta situação, quando o convidado quer apenas descansar, acompanhar os demais ou fazer algo que por vezes também queremos: “fazer nada”, em dado momento.

Respeita-se e então quando há a oportunidade, conta-se a razão da atividade de jogar ou faz-se novamente um convite para um jogo que nem parece ter alguma função, com um objetivo que aparenta ser apenas lúdico. Há uma variedade destes jogos disponíveis que são utilizados no centro-dia para idosos, e 3 aplicativos são sugeridos desta vez, preferencialmente para uso em tablets para melhor aproveitamento da acessibilidade deste tipo de dispositivo:

  • MahJong Epic – é o game preferido e mais solicitado pelos idosos no centro-dia. Mesmo os idosos com a memória mais comprometida, ao iniciar o tabuleiro, logo lembram-se como devem jogar. Entre as habilidades trabalhadas neste jogo estão as habilidades visuoespaciais ¹ como a busca visual planejada, que acontece quando se faz um rastreio em uma área definida e uma avaliação de figuras com rapidez e eficiência, trabalha-se também a memória visual de curto prazo, utilizada para o reconhecimento das imagens observadas em momento anterior. No mesmo jogo, a lógica também é utilizada na comparação das peças rastreadas, sendo possível explorar mais aspectos da memória e linguagem se for proposto que o jogador diga o nome das imagens, ou caso não saiba, pode dizer a cor ou forma.

Jogo Mahjong Epic                                                             Fonte: Google Play  Store

  • Jigty – um aplicativo de quebra-cabeças de imagens. Há uma série de imagens disponíveis com configurações do número de peças e rotação, porém a opção mais interessante é utilizar as fotos de sua galeria pessoal. Além da habilidade visuoconstrutiva (capacidade de construir uma imagem com ou sem um modelo), é possível tentar nomear as pessoas da foto, de reconhecer-se nas fotos, e ainda situar o jogador no tempo ou evento em que a foto foi registrada, incentivando assim a memória do jogador. Observar a organização do jogador enquanto monta a imagem é importante, para verificar sua lógica e caso ela inexista, pensar quais seriam então as alternativas para que o jogador volte a se organizar neste tipo de raciocínio.

Tela do Jogo Jigty           Fonte: Google Play Store

  • Classic Labyrinth 3D Maze – Um jogo de labirintos com níveis graduais de dificuldade, para conduzir uma bolinha a partir do movimento do próprio tablet, inclinando-o. A informação que captamos com nossos olhos é a base para então fazermos o movimento das mãos necessário para atingir os objetivos deste jogo, trata-se de uma habilidade cognitiva complexa, já que precisamos das nossas capacidades visuais e motoras. São as mesmas habilidades que precisamos para uma tarefa comum, como inserir uma chave na fechadura, um cartão em um leitor, na prática de esportes ² etc.

Tela do Jogo Classic Labyrinth 3D Maze     Fonte: Google Play Store

A explicação da função do jogo é um incentivo para a sua prática. Muitos idosos, a partir deste conhecimento passam a jogar imediatamente, desafiando-se, e persistindo a cada partida, e descobrem que, independente de pontuações, na verdade estão sempre ganhando mais habilidades. Alguns idosos demoram mais tempo a jogar, e há os que não vão jogar também por tempo indeterminado, pois preferem outro tipo de atividade – o que é absolutamente natural – há também a crença de que não podem parar para “brincar”, especialmente na idade que se encontram.

Entretanto, convidar um idoso para um jogo é sempre uma oportunidade de conversar, escutar, trocar conhecimentos, e reviver. Fica a sugestão para que o leitor convide um idoso, familiar ou não, para jogar, além de divertir-se, pode ser um bom momento para ambos, que vão ganhar pontos de bônus nas habilidades sociais, emocionais e cognitivas.

[1]Domínios Cognitivos – Habilidades visuoespaciais: conceitos e instrumentos de avaliação

http://www.sbnpbrasil.com.br/boletins_39_145_2015_0

[2]Coordenação olho mão –  https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/coordenacao-olho-mao

Links dos jogos sugeridos

Mahjong Epic

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.kristanix.android.mahjongsolitaireepic

 Jigty

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.outfit7.jigtyfree

 Classic Labyrinth 3D Maze https://play.google.com/store/apps/details?id=de.pictofun.labyrinthone

 

Demanda físicas e cognitivas dos games – práticas em Centros-dia para idosos

Ana Nakamura

Instrutura de tecnologia Assistida

Muitos idosos, ao serem convidados para jogar games, demonstram um receio inicial. Grande parte deles não sabe mesmo como jogar e também preocupam-se com o seu desempenho em relação aos demais. É uma situação muito comum, e por outro lado, outros idosos aceitam prontamente o desafio da nova atividade. Dependendo da temática do jogo pode ser mais fácil sua aceitação, como por exemplo, jogos com temas de práticas esportivas.

Tenho proposto nos centros-dia, um game que auxilia no controle da marcha dos idosos, e que exige além do aspecto físico, também o cognitivo, em relação a atenção, planejamento, tomada de decisão, memória, e inibição de resposta.

O jogo tem boa acessibilidade, já que pode ser jogado inclusive sentado, e sem a plataforma de equilíbrio (Balance Board). Alguns dos alunos, que não podem manter-se em pé para realizar os movimentos, jogam sentado e experimentam a mesma sensação (de participar e de literalmente estar no jogo) dos que jogam em pé.

Um destes jogos é de uma caminhada. O Obstacle Course, oferece vários percursos a serem completados e obstáculos a desviar, e isto deve ser feito controlando a marcha (acelerando e desacelerando). Duas situações podem ocorrer se o jogador “descontrola-se”: ou é arremessado por uma bola gigante, ou cai na água. Em qualquer um dos casos, é certamente a hora mais divertida do jogo, pois o próprio jogador e os que estão apenas assistindo, ficam imersos na experiência e comemoram ao escapar dos obstáculos, ou riem uns dos outros quando divertidamente “fracassam” no percurso.

Na verdade não fracassam, ao contrário, estão ganhando controle sobre seu equilíbrio e marcha, além de divertirem-se bastante com a torcida dos demais jogadores, e com o próprio  desempenho no game. Assim como a parte física é exigida, há demanda e melhora da cognição.

O videogame Nintendo Wii tem um jogo de corrida simples, em que o jogador deve seguir um líder (que pode ser uma pessoa ou um animal de estimação), trabalhando também a marcha do jogador, além da cognição, pois no final há perguntas sobre o percurso, para testar a atenção e memória do jogador. Veja o vídeo com o jogo Basic Run:

Assim, com pesquisas científicas e práticas como estas podemos verificar os benefícios destes games de marcha, que promovem ainda a alegria dentro do grupo, aumentando as contribuições dos games (Exergames) para idosos.

 

 

Equilibrando habilidades com games

Ana Lucia Nakamura

Instrutora de Tecnologia Assistida

Entre as atividades propostas com os Games, a plataforma de equilíbrio (“Balance Board”) é uma das mais empolgantes atividades entre os idosos do centro-dia Angels4u. A plataforma de equilíbrio é um equipamento da Nintendo, e por aqui utiliza-se com o game Wii Fit.

Há várias opções de mini-jogos, porém o preferido dos idosos atendidos é o “Table Tilt” – que tem por objetivo manter o equilíbrio na plataforma, guiando bolinhas até um ou mais buracos. E se a tarefa lhe parece fácil, saiba que não é tão simples. O nível de desafio aumenta com o progresso entre as fases do jogo, e aí surgem várias bolinhas, as quais você deve manter na “mesa”. Para tanto, é preciso equilibrar-se, não somente dividindo o peso entre direita e esquerda mas também para frente e para trás quando necessário; a atenção também é dividida entre a estratégia – para atingir o objetivo, as bolinhas que quase caem e o equilíbrio do corpo.  Ao mesmo tempo que seu cérebro precisa comandar tudo isso (fazer o corpo obedecer), é preciso organizar todos os comandos em um tempo determinado, assim, além de equilibrar, planejar a melhor estratégia para ganhar, ainda é preciso fazê-lo a tempo, para progredir no jogo.

Entenda melhor assistindo este vídeo: https://www.instagram.com/p/BKoeBjkB_Rr/

Todas essas habilidades juntas, fazem nosso cérebro trabalhar mais e nos coloca em um estado de imersão, sem tempo de pensar em outros assuntos, preocupações, dores, compromissos. E assim, com essa mudança de foco dos pensamentos, novos estímulos são percebidos e trabalhados. Além disso, o jogo é divertido e os idosos se envolvem, atentos ao próprio desempenho e dos demais participantes, sempre tentando encaixar mais uma bolinha para fazer mais pontos.

Bons jogos nos colocam em imersão, com eles vamos à uma realidade diferente. Os jogadores (idosos ou não) percebem que podem aprender, que são capazes, que tem autonomia, ao escolher se querem jogar, se querem tentar ou não mais uma vez, são ainda desafiados, porque, como no jogo (e na vida real), fica o questionamento: o quanto seremos capazes se tentarmos mais uma vez aquela tarefa que ontem pareceu difícil? Perdem? Ganham? Perdemos e ganhamos o tempo todo, e é esse o jogo, seja ele qual for. Fato é que aprendemos no processo, independente do resultado “final”.

Idosos e idosas do centro-dia Angels4U aprenderam a jogar o “jogo das bolinhas” como eles dizem, e é sempre gratificante vê-los tentando, desenvolvendo novas estratégias, evoluindo e claro – divertindo-se, pois não há bom jogo sem diversão, e como se divertem! Bastam as imagens (Sr. Francisco, Sra. Lúcia e Sra Yoshiko) para verificar a diversão dos idosos, que desenvolvem e demonstram suas habilidades cognitivas, motoras, sociais e emocionais.

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É possível verificar nas fotos, a acessibilidade do Wii, o uso da plataforma de equilíbrio tem sido uma boa experiência nos Centros-dias, mesmo com os jogadores que não podem ficar em pé sozinhos, ou com os que ficam em pé com dificuldade (nesta hora, um andador é fundamental para dar segurança ao jogador). Alguns jogadores do centro-dia jogam sentados e conseguem os mesmos benefícios dos demais, sem contar que eles podem ser incluídos na atividade e sentem-se felizes, com adaptações e incentivo, a atividade torna-se possível.

 

 

Atividade tecnológica em Centros-dia: Games e Idosos

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Atividade tecnológica

Ana Lucia Nakamura

Instrutora de Tecnologia Assistida

Aparentemente os games estão num universo muito diferente dos idosos, embora isto seja uma realidade para muitos, se bem utilizados, os jogos digitais podem contribuir no processo de envelhecimento, favorecendo na movimentação física, nas habilidades cognitivas, emocionais e sociais.

Os games aqui citados exigem algum tipo de movimentação física mais ampla para interagir com os personagens ou para atingir os objetivos do jogo. São chamados de exergames, e comercialmente conhecidos pelas marcas Nintendo (Wii) e Microsoft (Xbox + Kinect).

Estudos acadêmicos demonstram que esse tipo específico de game contribui no equilíbrio postural de idosos, na amplitude e recuperação de movimentos físicos, no controle da marcha, bem como no planejamento da resposta motora e tomada de decisão na aceleração/desaceleração da mesma. Além dos aspectos físicos, as habilidades cognitivas também são desenvolvidas, somando aos já citados, a divisão de atenção, concentração, memória.

Outros estudos mostraram a eficiência dos games em melhorias nos quadros de depressão leve, aumento nos níveis de humor, autoestima e diminuição da ansiedade. Logo, essas contribuições refletem no grupo, colaborando no convívio social do indivíduo.

Embora muitos idosos não conheçam esse tipo de atividade, os games são apresentados aos idosos que frequentam o centro-dia Angels4U, permitindo que se beneficiem deste tipo de tecnologia, de forma lúdica e segura, com o apoio integral dos profissionais que compõe o serviço.

Alguns idosos preferem atividades individuais no tablet, e outros nem sempre podem participar dos jogos com Wii ou Xbox, devido a mobilidade reduzida, mas mesmo estes participam das atividades tecnológicas, sendo especialmente orientados em jogos que desenvolvam suas habilidades cognitivas, nos tablets. Os tablets são dispositivos de fácil manuseio e com inúmeros recursos para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, conforme a necessidade e afinidade do momento, com possibilidades de variação do formato de informação (vídeo, música, texto, fotos).

No centro-dia Angels4U os games preferidos dos idosos são: Wii Sports Resort (na modalidade Boliche), Wii Fit, Mahjong e Caça-palavras, escolhidos por suas características de usabilidade, jogabilidade e acessibilidade.

Fonte:  Nakamura, Ana Lucia. Exergames: jogos digitais para longeviver melhor. 2015. 104 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design DigitalTIDD) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.

Centro-dia Angels4u no Jornal da Band

O Jornal da Band veiculou no dia 5/07/2016 uma matéria sobre Centros-dia e seus benefícios, e entre as instituições apresentadas na matéria, estava o Centro-dia Angels4u. Nossa enfermeira Leonice Martins Sapucaia também deu seu depoimento sobre os benefícios do Centro-dia para os idosos.

Você pode ver a matéria no player abaixo: