Identidade na velhice e aposentadoria

Beatriz Leite Machado

Psicóloga CRP 06/134462

O trabalho da Psicologia com os idosos no centro-dia, principalmente em quadros de prejuízo cognitivo e demenciais, parece trazer como tema e objetivo principal a memória e a estimulação cognitiva. Isto é bastante verdade, porém a estimulação se dá de forma mais eficaz quando há um assunto com que o grupo pode se identificar e apropriar-se. Além disso, o trabalho com memória traz conteúdos pessoais e sociais que não podem ser ignorados, e que se fazem importantes na (re)construção de identidade do idoso.

Atividade com a psicóloga

Um assunto que foi trabalhado com o grupo de idosos no Centro-dia em maio de 2019, que remeteu a memórias e a experiências atuais, foi “Aposentadoria”. Os resultados desta atividade trouxeram reflexões para o grupo e para a equipe.

A proposta era discutir o que é aposentadoria, qual a importância e qual o desejo de continuar trabalhando. O grupo era de 8 idosos, porém uma delas, devido seu quadro cognitivo participou de forma alternativa com necessidade de manejo de sintomas comportamentais e atenção. Somente uma idosa não possuía nenhum prejuízo cognitivo.

Os idosos receberam folhas com perguntas. Conforme respondiam, trocavam de folhas entre si, de forma que todos responderam às mesmas perguntas e leram as respostas uns dos outros. Alguns participantes, com maior prejuízo cognitivo repetiram respostas. Organizei o conteúdo, condensando algumas respostas que se repetiram ou que tinham o mesmo significado e foram esclarecidas em conversa com grupo.

O QUE É SER APOSENTADO?

            É cumprir tempo de serviço.

            Um direito do idoso, ter benefícios por já ter trabalhado muito.

            É útil. É importante dar valor ao tempo que foi trabalhado e ao que tem agora, dar valor à vida.

            É quando já não se trabalha mais.

O QUE VOCÊ ESPERAVA DA APOSENTADORIA?

            Poder descansar, e realmente posso. Comprar presentes para pessoas queridas, passear… Poder viver.

            Receber de volta o que contribuí. Nada diferente.

GOSTARIA DE CONTINUAR TRABALHANDO?

            Sim, enquanto posso.

            Já trabalhei muito em casa…

            Não.

            Faço algumas costuras.

QUAL A IMPORTÂNCIA DE RECEBER APOSENTADORIA?

            Para poder viver, a gente precisa desse dinheiro. Ter segurança.

            É meu direito receber de volta o que eu contribui.

O QUE SE DEVE FAZER QUANDO SE APOSENTA?

            É preciso ter os documentos em ordem para receber o que é seu direito.

            Quero passear e descansar. Viajar…

            Não se deve fazer mais nada.

        É POSSÍVEL CONTINUAR ATIVO?  DE QUE FORMA?

            Com saúde, é possível.

            É preciso. Trabalhando em casa, buscando estar melhor sempre.

            É importante fazer outras coisas para não ficar sozinho, sair de casa, ter amigos, ver coisas diferentes.

É IMPORTANTE PENSAR NA APOSENTADORIA?

            Sim, é o que vai nos ajudar a viver quando não trabalharmos mais.

            Traz segurança. Para viver melhor.

 Gostaria de compartilhar algumas reflexões que as respostas geraram. Primeiro, a percepção de contribuição e de segurança associada a aposentadoria. O grupo faz parte de uma geração que viu os direitos trabalhistas se desenvolverem, e criou uma relação com o trabalho muito diferente das gerações atuais. Conheceram a instabilidade econômica, inclusive por muitos integrantes serem imigrantes ou filhos de imigrantes. Além disso, as mulheres, ainda que tenham sido donas de casa, viúvas recebem pelo marido. Não busco debater questões políticas atuais, porém não podemos ignorar como a aposentadoria está associada à imagem que esses idosos tem de si e suas velhices.

Em segundo lugar, pode-se observar que a noção de receber pelo tempo de contribuição não está associada ao descanso somente, ou ao alheamento. Foi relevante que as falas trazem a busca por viver, “É importante dar valor ao tempo que foi trabalhado e ao que tem agora, dar valor à vida.” (Sic), “Comprar presentes para pessoas queridas, passear… Poder viver.” (Sic), “Para poder viver, a gente precisa desse dinheiro.” (Sic), “Para viver melhor(sic). 

Com poucas exceções, que apresentaram pontos de vista menos otimistas, dentro do grupo, é visível como, mesmo que a aposentadoria signifique meio de sobrevivência pra uns, ainda está associada a potencias, de viajar, de compartilhar afetos com pessoas queridas. Entende-se que há lugar para ganhos e prazeres na velhice.

O dinheiro, de forma geral, é o maior poder que se pode ter perante a sociedade já há anos. Podemos refletir então na importância da aposentadoria, mesmo para aqueles que não tem total autonomia de suas finanças. O peso de ser reconhecido como alguém que contribuiu, e por isso receberá contribuições também. É um assunto que abre campo para discussões em diversos aspectos, porém busco me ater à autoestima e identidade na velhice. O valor de ser reconhecido. Se pensarmos em dinheiro como poder, a aposentadoria é uma legitimação de quem se aposenta (majoritariamente idosos), ou seja, é legítimo que o aposentado se mantenha ativo como cidadão tanto quanto qualquer outro sujeito não aposentado.

É interessante pensar como essa perspectiva parece bastante lógica, e se faz presente de forma sutil, pois no imaginário social, aposentadoria ainda é fortemente associada a invalidez e/ou impotência.

Trago essas breves reflexões como forma de estimular todos nós a continuarmos transformando nossa visão de velhice, envelhecimento, demência… E valorizando as potências e limitações com que nos deparamos.    

Osteoporose

Dica do Angels!
O dia 20 de outubro é conhecido mundialmente como “Dia Mundial e Nacional da Osteoporose”. Nos anos 2000, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu que de 2000 a 2010 é a Década do Osso e da Articulação. Nesse período, foi realizada uma série de atividades como forma de lembrar e orientar sobre a importância de se prevenir a osteoporose, e acreditem não é só tomar leite!
Osteoporose, a doença silenciosa*.
À medida que envelhecemos, ocorre uma perda natural e gradativa da massa óssea tanto nos homens como nas mulheres. Quando essa perda alcança um nível tão importante a ponto de desorganizar a estrutura dos ossos, aumentando a sua fragilidade e o risco de fraturas, temos então a osteoporose, que significa “ossos porosos”. O processo que leva a esse estado crítico de degeneração óssea é complexo e foge ao escopo desse texto.
Apesar da íntima relação com a terceira idade, é durante a infância e juventude que alcançamos nosso pico de massa óssea. Para isso, é fundamental garantir a ingestão adequada de cálcio, vitamina D e praticar exercícios mesmo quando somos jovens. Constituir ossos de qualidade permite-nos garantir a obtenção de uma boa reserva inicial que poderá postergar a doença em questão. Porém, essa reserva vai se esgotando lentamente ao longo dos anos …

Atividade física
Centro-dia Angels4u

Mesmo que tenhamos um pico de massa óssea razoável, diversos outros fatores associam-se a um aumento do risco da osteoporose primária: tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, história familiar, imobilidade, baixo peso, origem asiática, menopausa precoce, menarca tardia e menstruação irregular são os principais. Algumas formas de osteoporose por outro lado, são chamadas de secundárias e dependem diretamente de doenças crônicas ou do uso de determinados medicamentos, especialmente corticóides.
Cabe ao médico traçar estratégias visando prevenir, diagnosticar e tratar esse mal que já provoca fraturas em 60% das mulheres e 30% dos homens com mais de 60 anos. Em geral o que ocorre é que somente após complicações, como dores decorrentes de fraturas é que as pessoas passam a se preocupar. A osteoporose é conhecida como uma doença silenciosa, pois não provoca sintomas. Diferentemente do que muitos pensam cansaço, desconforto, dores articulares e musculares não podem ser atribuídas diretamente à doença e radiografias não são um bom exame diagnóstico.
O método de escolha para confirmar a doença é a densitometria óssea. Além de outros exames complementares que podem ser solicitados a critério médico. O profissional que lida com osteoporose pode também eventualmente lançar mão de um questionário padronizado internacionalmente que funciona como uma ferramenta capaz de estimar o risco futuro de fraturas.
Vale salientar que o papel da reposição de cálcio e vitamina D é muito importante, mas de forma alguma substitui o tratamento da doença. O arsenal terapêutico disponível para quem tem osteoporose é vasto e inclui drogas orais ou injetáveis, com variados esquemas posológicos. Não espere o silêncio mascarar essa condição tão prevalente e perigosa, procure o seu médico!
*Texto elaborado pelo Dr.Rodrigo Buksman para o site da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Leia mais: <https://sbgg.org.br/osteoporose-a-doenca-silenciosa/ >; < https://abrasso.org.br/instituicao/>. Acesso em: Outubro/2019.

Dia Mundial da Doença de Alzheimer

dia 21 de setembro foi instituído pela Associação Internacional do Alzheimer (ADI), como o Dia Mundial da Doença de Alzheimer. Sendo atualmente a doença que mais acomete a população idosa, tornou-se também motivo de inúmeras pesquisas infindáveis pela busca de sua cura, o que por ora não aconteceu. Dessa forma, nós, do Centro-dia Angels4U compreendemos que para cuidar é preciso conhecer e apreender, caso contrário a jornada do cuidado pode ser um “longo caminho percorrido no escuro”. 

Atividade no Centro-dia Angels4U

             Em 2018, a Campanha “Alzheimer: Eu não me esqueço” foi divulgada nas redes sociais e demais meios de comunicação, chamando a atenção de profissionais que até então nunca tiveram contato com o tema Demência. Este ano, a campanha é intitulada de “Vamos conversar sobre Demência”, abaixo, um breve texto lançado no ano anterior que aborda a doença em sua causa, sintoma e prevenção. Então, façamos o convite a você Cuidador – Familiar: “Vamos conversar sobre Demência”?

Alzheimer: “Eu não me esqueço”. Foi tema do dia mundial do Alzheimer em 2018

            A doença de Alzheimer acomete o córtex cerebral, e foi apresentada em 1906 pelo psiquiatra alemão Aloysius Alzheimer (1864-1915) durante um congresso científico na Alemanha. Para a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a data (21 de setembro) é uma oportunidade para sensibilizar a população, as entidades públicas e privadas de saúde, bem como os profissionais da área, para essa doença que acomete mais de 1,2 milhão de brasileiros.

             Caracterizada como uma doença degenerativa, progressiva e irreversível, a doença de Alzheimer não tem cura, mas pode ser tratada a fim de amenizar os sintomas. O Alzheimer afeta a memória, a fala e a noção de espaço e tempo do paciente, podendo provocar apatia, delírios e, em alguns casos, comportamento agressivo. Um dos primeiros sintomas é a perda de memória para fatos recentes. Depois, ocorre a desorientação quanto a lugares e datas e mudanças de humor e comportamento – irritabilidade e agressividade. Na fase avançada, a pessoa pode ter alucinações, dificuldade na fala e na alimentação. Além disso, pode não reconhecer mais os familiares e tornar-se totalmente dependente.

 Causas:

                Em geral, a doença de Alzheimer afeta pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início por volta dos 50 anos. As causas da doença não são totalmente conhecidas e alguns estudos citam fatores importantes para o desenvolvimento da doença, como: pré-disposição genética, escolaridade, hipertensão, diabetes mellitus, acidente vascular cerebral (AVC) prévio, colesterol aumentado e idade avançada.

                Pesquisa realizada por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, sugere sete medidas que podem evitar milhões de casos de Alzheimer em todo o mundo. Os fatores são ligados ao estilo de vida: não fumar, ter uma dieta saudável, prevenir o diabetes, controlar a pressão arterial, combater a depressão, fazer mais atividades físicas e aumentar o nível de educação. Para os cientistas, metade dos casos da doença no mundo se deve a falta destas medidas de saúde e basta uma redução de 25% nos sete fatores de risco para evitar até três milhões de casos.

                O diagnóstico é clínico e feito através de entrevista (história de vida, clínica, familiar, idade, escolaridade), teste cognitivo (miniexame do estado mental, teste do relógio, teste de fluência verbal), e posteriormente por meio de exames laboratoriais (hemograma completo, hormônios tireoidianos, enzimas hepáticas) e de imagem (tomografia, ressonância magnética).

Um paciente pode demorar anos para saber que é portador de Alzheimer, pois sintomas como perda de memória e raciocínio lento, podem ser interpretados pelos parentes como conseqüências do envelhecimento e não uma enfermidade.

Tratamento:

                Até o momento, não existe cura para a Doença de Alzheimer. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma melhor qualidade de vida, mesmo na fase grave da doença. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independente nas atividades da vida diária por mais tempo. Os tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico.

                As vantagens e as desvantagens de cada medicação e o modo de administração devem ser discutidas com o médico que acompanha o paciente. Os efeitos positivos, que visam à melhoria ou à estabilização, foram demonstrados para a cognição, o comportamento e a funcionalidade, porém, a resposta ao tratamento é individual e muito variada.

                Há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade. O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade de vida e para estimulação cognitiva. Pacientes mais ativos utilizam o cérebro de maneira mais ampla e frequente e sentem-se mais seguros e confiantes quando submetidos a tarefas prazerosas e alcançáveis. A seleção, frequência e distribuição de tarefas devem ser criteriosas e, preferencialmente, orientadas por profissionais.

                Com o intuito de auxiliar os pacientes, algumas famílias ou cuidadores tendem a sobrecarregá-los com atividades que julgam poder ajudar no tratamento, desfavorecendo resultados e correndo o risco de criar resistência ou de tornar o ambiente tenso. A qualidade e a quantidade de estímulos devem ser monitoradas e avaliadas a partir da resposta dos pacientes. É de fundamental importância para a adesão às propostas que essas atividades sejam agradáveis e compatíveis com as capacidades dos pacientes.

                O tratamento não farmacológico engloba os seguintes aspectos: estimulação cognitiva, estimulação social, estimulação física, organização do ambiente e tratamentos específicos para problemas específicos. A cada etapa da doença, profissionais especializados podem ser indicados para minimizar problemas e orientar a família, com o objetivo de favorecer a superação de perdas e enfrentar o processo de adoecimento, mantendo a qualidade de contato e relacionamento. Muitos são os profissionais que cuidam de pessoas com Doença de Alzheimer. Além de médicos (geralmente neurologistas, geriatras, psiquiatras ou clínicos gerais), há a atuação de psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores, educadores físicos, assistentes sociais e dentistas.

 Prevenção:

                O estilo de vida é muito importante para prevenir o Alzheimer. Quanto mais cedo houver uma mudança de hábitos, mais fácil minimizar o problema. Algumas dicas:

– estimular o cérebro: mantenha o cérebro ativo aprendendo algo novo, um idioma, um instrumento, palavras cruzadas, etc. A leitura também é um ótimo hábito para o cérebro reter informações, treinando várias funções;

– exercitar-se: 30 minutos de atividade física de três a cinco vezes por semana. Para esta faixa etária recomenda-se a prática de natação, caminhada ou até mesmo subir escadas em vez de ir de elevador;

– ter uma alimentação saudável e balanceada: vegetais, peixes e frutas têm ótimos nutrientes para o cérebro, assim como óleos vegetais ricos em Ômega 3;

– controlar o diabetes e a pressão arterial: os dois problemas são comuns nesta faixa etária e podem aumentar o risco de Alzheimer e de outros tipos de demência em até 50%;

– tomar sol ou suplementar com Vitamina D: um estudo publicado em agosto de 2014 na revista Neurology apontou que as pessoas com idade avançada que não recebem quantidades suficientes de vitamina D correm mais riscos de apresentar demência.

 

Leia mais: <http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/2791-alzheimer-eu-nao-esqueco-e-tema-do-dia-mundial-da-doenca-de-alzheimer-2018>. Acesso em: Setembro/2019.

A escuta em musicoterapia como ferramenta potencializadora do processo de cuidado

Paulo R. Betencourt – Musicoterapeuta

Musicoterapia é a utilização da música e ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um paciente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitiva) para desenvolver potenciais e desenvolver ou recuperar funções do indivíduo  de forma que ele possa alçar melhor integração  intra e interpessoal e consequentemente uma melhor qualidade de vida” –   Federação Mundial de Musicoterapia, 1996 (Ruud, 1998)

A música sempre foi um instrumento de auto conhecimento e expressão daquilo que somos e desejamos ser. Através dela podemos criar um processo rico e transformador. Mas não basta apenas participarmos de atividades específicas. Temos que incluí-la em nossa vida como uma ferramenta que possibilita a maior percepção e escuta, seja ela interna ou dos espaços que nos cercam.

Neste sentido se faz importante algumas dicas para enriquecer ainda mais esta experiência sonora:

Em nossos encontros e processos sempre trabalhamos a importância da escuta e de como se abrir a esta experiência possibilita um contato maior com o que somos e com o espaço sonoro que nos cerca e com os afetos.

Lembre-se: ESCUTAR é diferente de OUVIR, pois tal prática envolve um comprometimento continuo de perceber e compreender os acontecimentos em nossa volta. Neste sentido criar o habito de escutar o ambiente que nos cerca e percebê-lo nos traz maior saúde,alivia as tensões e proporciona bons encontros com a vida.

A escuta é a arte que compõe e que inventa. É uma escuta que percorre diferentes caminhos – (Escuta do silêncio, de sons, ruídos, de músicas, dos desejos).

Nas experiências receptivas (ESCUTAR) podemos escutar música e responder a experiência de forma silenciosa, verbalmente ou através de outras expressões. A experiência de ouvir pode enfocar os aspectos físicos, emocionais, intelectuais, estéticos ou espirituais. Seus aspectos são:

  • Promover a receptividade;
  • Evocar respostas corporais especificas;
  • Estimular ou relaxar;
  • Desenvolver habilidades áudio-motoras;
  • Evocar estados e experiências afetivas;
  • Explorar ideias e pensamentos;
  • Facilitar a memória, as lembranças, e as regressões;
  • Evocar fantasia e imaginação;
  • Experiências espirituais e afetivas.

 “Na musicoterapia, o processo de resolver “problemas musicais” é concebido de forma semelhante ao processo de resolver “problemas da Vida”, e acredita-se que as habilidades adquiridas para encontrar soluções musicais se generalizam para situações da vida”. (BRUSCIA,2000)

Interagir com os instrumentos cria contato e amplia a escuta. Os timbres, ritmos, intensidades, textura e outras qualidades e características da música e de cada instrumento existente possibilita este encontro de potencialidade.

Veja algumas possibilidades de instrumentos: Porque não comprar um de seu gosto e interagir em casa com seus familiares e na relação de cuidado com o idoso ? Quem sabe apenar brincar um pouco?

 

SILÊNCIO COMO POTENCIAL CRIATIVO

Música não é somente SOM mas também SILÊNCIO! O silêncio ele não existe, pois sempre quando silenciamos podemos escutar outros sons mais sutis. PARA ONDE VAI A MÙSICA QUANDO ELA NÃO ESTA SENDO TOCADA?

  • “O silêncio é um espaço de conexões, uma abertura aos insights”
  • “O silêncio é uma caixa de possibilidades. Tudo pode acontecer para quebrá-lo. É a característica mais cheia de possibilidades da música”.

A VOZ E O CANTAR HUMANO

  • A voz está intimamente ligada ao que há de mais subjetivo em nós.
  • A música revelará o início do reencontro com a própria identidade, colocando-o como agente e sujeito da ação, aumentando a percepção de seus próprios sentimentos, emoções e conflitos, e consequentemente, possibilitando o relacionamento com o outro e a inserção no discurso cultural”

Desta maneira através de uma ESCUTA atenta e ativa podemos interagir seja com os instrumentos, com o canto, com o silêncio e assim ir percebendo a nós mesmos e o outro. Isso se chama encontro.

Também podemos improvisar e encontrar inúmeras possibilidades de escuta neste processo, entre elas citamos:

  • Sentido a auto-expressão e a formação da identidade;
  • Explorar os vários aspectos do eu na relação com os outros;
  • Desenvolver a capacidade de intimidade interpessoal;
  • Desenvolve habilidades grupais;
  • Desenvolve a criatividade, a liberdade de expressão, a espontaneidade e capacidade lúdica;
  • Estimula e desenvolve os sentidos;

“Quando improvisamos ou resolvemos problemas musicais somos atores mudando nossa vida e emoção, somos agentes de transformação da nossa

Dica de Filmes: O som do coração – 2007(EUA) / A Música Nunca Parou, 2011 (EUA)/  A vida no paraíso, 2003 (Suécia) /  Sokout (Silêncio) – 1998 (Irã) /Vermelho Como o Céu, 2006 (Itália)

 

Envelhecimento e Osteoporose

Mayara Rodrigues C. Fabris

Fisioterapeuta

 

Atividade de fisioterapia

O tecido ósseo como os outros tecidos e órgãos do corpo acompanham nosso envelhecimento. Os ossos estão em constante processo de remodelação, ou seja, de formação e reabsorção. Até as duas primeiras décadas da nossa vida estamos mais em processo de formação. Em relação a reabsorção, acredita-se inclusive que o auge de formação óssea ocorre por volta dos 25 aos 30 anos de idade e após isso, entramos num processo de perda gradativa da massa óssea.

Para sabermos como está a saúde dos nossos ossos é realizado um exame denominado Densitometria Óssea, que tem grande exatidão e precisão no seu resultado. Neste exame é mensurado a massa óssea dos ossos da coluna (vertebras geralmente as lombares) e do osso da coxa (o Fêmur).  Sabe-se que com o envelhecimento realmente ocorre uma perda fisiológica de massa óssea. Porém quando esta perda se torna um pouco mais acentuada denomina-se de Osteopenia, que em muitos casos pode ser de fácil de reversão quando tratada desde o início. Quando a perda é mais grave ela passa a ser chamada de Osteoporose, patologia muito comum entre os idosos e que deve ser tratada com seriedade.

Segundo a Organização mundial da Saúde (OMS), existem no Brasil atualmente cerca de 10 milhões de pessoas com osteoporose. Um terço das mulheres brancas acima de 65 anos de idade tem o diagnóstico de osteoporose e oito em cada 10 mulheres nunca imaginaram ter esta doença Dentre seus fatores de risco pode-se citar:

– idade superior a 75 anos para ambos os sexos;

– maior incidência em mulheres;

– raça asiática e/ou caucasiana;

– Menopausa precoce não tratada e também a própria menopausa (por conta da queda dos hormônios sexuais);

– baixo peso com índice de massa corpórea menor que 19 Kg/m²;

– tabagismo;

– etilismo;

– Sedentarismo;

– imobilização prolongada;

– dieta pobre em cálcio;

– Deficiência de Vitamina D;

– uso de alguns medicamentos principalmente os corticoides.

A Osteoporose traz consigo um grande risco de fraturas e quedas, o que pode ser um grande problema para essa faixa etária. O seu tratamento incluem medidas farmacológicas e não farmacológicas. Em especial ao não farmacológico podem servir também de atitudes de prevenção da doença, dentre elas podemos citar:

– Dieta rica em cálcio (encontrado nos derivados de leite, verduras verdes escuras, ovos, feijão);

– Banho de sol pela manhã (muito importante para sintetização da vitamina D pelo nosso corpo)

– Atividade Física (Caminhada e exercícios resistidos)

– Hábitos de vida saudáveis.

 

Referencias

Dias JMD. Tratamento dos Distúrbios Osteoarticulares no Idoso. In: PERRACINI MR; FLÓ CM. Funcionalidade e Envelhecimento. 1ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

Pereira SRM; Mendonça LMC. Osteoporose e Osteomalácia. In: FREITAS EV; PY L. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

Santos FC; Abreu RCG; Dib TAA. Osteoporose e Prevenção de Fraturas. In: RAMOS LR; CENDOROGLO MS. Guia de Geriatria e Gerontologia. 2ed, Barueri: Manole, 2011.