Páscoa na quarentena: 7 dicas para tornar esse período especial

Páscoa na quarenta: já parou para pensar como será a sua? A páscoa é a principal festa cristã, celebrada por milhões de pessoas ao redor do mundo. Ela marca a ressurreição de Cristo. Neste ano não há como negar que teremos uma páscoa diferente em decorrênca da pandemia de coronavírus, mas saiba que é possível aproveitar a data e renovar um sentimento muito importante: a esperança.

Muitas vezes, o isolamento pode fazer com que as pessoas se sintam angustiadas, sozinhas e tristes. No entanto, a chegada de Páscoa, que representa a união da família, pode ser uma boa oportunidade para deixar a criatividade fluir e aproveitar o momento, mesmo que com limitações.

Tenha em mente que é possível tornar a Páscoa especial, mesmo seguindo à risca os protocolos para conter a propagação do coronavírus. Por que não fazer do próximo domingo um dia que os filhos se lembrem para o resto da vida? Talvez algum dia eles até contem alguma história desse dia para filhos e netos!

Pensando em te ajudar nessa missão, preparei este artigo, com algumas dicas! Segue comigo até o final e tenha um feriado bem alegre ao lado de quem você ama.

Páscoa na quarentena: como abordar o assunto com as crianças?
Vamos começar falando das crianças? Quem tem filhos em casa provavelmente precisará explicar que a Páscoa será diferente neste ano.

Antes de tudo, é importante entender como lidar com as crianças na quarentena e abordar o assunto do coronavírus sem pânico.

Feito isso, chega a hora de explicar que, por conta da quarentena, as pessoas precisam ficar em casa para se manterem seguras. Dessa forma, não haverá uma reunião familiar, com a presença dos parentes mais próximos, como costuma acontecer todos os anos em muitos lares.

Nesta conversa, vale reforçar que mesmo com todas as mudanças, a Páscoa acontecerá, porém, de uma maneira diferente.

A explicação deve variar conforme a idade da criança, pois quando são muito pequenas acabam não entendendo muito bem a situação. Nesses casos, o ideal é até explicar de maneira mais lúdica sobre como será a passagem do coelhinho da Páscoa.

Páscoa na quarentena: dicas para um dica mega especial
Visto que as pessoas estão confinadas em suas casas, não é recomendado que saiam para ir a lugar nenhum exceto supermercados e farmácias.

Portanto, antes de entrarmos nas dicas para deixar a sua Páscoa na quarentena mais feliz e divertida, lembre-se de que não deve convidar familiares para irem à sua casa nessa data. É importante, acima de tudo, cuidar da sua saúde e daqueles que você ama.

E agora vamos às dicas práticas para tornar a sua Páscoa na quarentena mais feliz apesar de todas as adversidades que estamos vivendo!

1. Mantenha os avós envolvidos, mas seguros
Os avós e os membros mais velhos da família enfrentam um risco maior de complicações do coronavírus, mas ainda há maneiras de fazê-los se sentirem incluídos em quarentena.

Um jeito simples, carinho e possivelmente até surpreendente é deixar cestas de Páscoa caseiras à sua porta. E, se possível, envolva as crianças na preparação do mimo aos avós.

O único ponto de atenção aqui é ter o cuidado de limpar e desinfetar bem a cesta, as embalagens e tudo que será entregue com muito carinho.

2. Conecte-se com os familiares por videoconferência
A Páscoa é sempre marcada por um bom almoço em família, não é mesmo? Já que neste ano não será possível reunir todos os entes queridos, a dica é cada um preparar uma refeição gostosa na sua própria casa. Não se esqueça de pratos tradicionais e deliciosos, como o grande bacalhau.

Para que ninguém se sinta sozinho, é possível usufruir da tecnologia e tornar o almoço ainda mais alegre. Façam uma videoconferência e se conectem para celebrar a data juntos. É uma maneira simples e segura de ver seus familiares durante este dia, mesmo que virtualmente.

A principal dica aqui é não usar o momento da Páscoa para falar apenas da pandemia de coronavírus. Aproveitem que a família está reunida para distraírem a mente e conversarem sobre outros assuntos.

3. Faça brincadeiras pascoalinas
Quem tem crianças em casa pode tornar a Páscoa na quarentena ainda mais divertida! Que tal criar a tradicional brincadeira da caça aos ovos? Aqui vão algumas dicas para deixar tudo mais animado:

Faça os desenhos de patinhas de coelhos, corte e espalhe-as pela casa;
Escreva uma carta para as crianças no nome do coelhinho da Páscoa (aqui, você pode falar sobre a brincadeira e também transmitir mensagens de paz e união sobre o momento que estamos vivendo);
Esconda os ovos pela casa e incentive as crianças a procurarem pelas guloseimas seguindo as patinhas de coelho.
Se quiser deixar a brincadeira ainda mais real, coloque algumas cenourinhas mordidas ao lado da carta do coelho. Dessa forma, elas acharão que ele realmente passou por lá e deixou os ovos.

4. Faça ovos de chocolate caseiros durante a páscoa na quarentena
Para quem quiser se aventurar na cozinha, uma ótima maneira de passar o tempo e ainda se deliciar com chocolate é fazendo ovos em casa. Existem várias receitas disponíveis na internet e como todo mundo precisa ficar dentro de casa, é uma ótima maneira de reunir a família para uma atividade em conjunto.

Ah, e a união na cozinha não precisa se limitar apenas aos ovos. Vocês podem todos preparar o almoço de Páscoa na quarentena juntos, assim não pesa para ninguém e todos se divertem.

5. Assista missas e shows online
A Páscoa na quarentena pode ser um desafio para quem é religioso e tem o hábito de ir aos cultos e missas nessa época do ano. A boa notícia é que todo mundo poderá assistir às missas online, pois muitas igrejas farão transmissões.

Para quem é católico e gosta do Papa Francisco, ele fará cerimônias online na quinta-feira Santa, na sexta-feira Santa e no domingo de Páscoa. Você pode assistir a todas as transmissões pelo canal do Vaticano no Youtube e no Facebook.

Além das atrações religiosas, artistas como Andrea Bocelli, também farão transmissões online na Páscoa. O show sem público acontecerá no Duomo, catedral de Milão, e promete ser emocionante.

6. Decore a casa
Para tornar o ambiente mais alegre durante a Páscoa na quarentena você também pode decorar a casa. Isso não quer dizer gastar muito dinheiro em itens decorativos, mas se adaptar ao já que tiver em casa.

Caso não tenha decoração com tema de Páscoa, a dica é tentar criar algo. Junte todo mundo que mora na casa para trabalharem em desenhos em formatos de coelhos e ovos, por exemplo. A decoração pode ser simples e, ao mesmo tempo, divertida e bonita. O que importa é encontrar na atividade um momento de relaxamento e união.

7. Abrace o espírito pascal
Como disse no começo, devemos lembrar que a páscoa é um momento de celebração cristã, que marca o renascimento de Jesus. É tempo do chamado give back, de agradecer, ter gestos de gentileza, retribuir e também ser solidário.

Se isto for possível, considere apoiar alguma instituição que esteja ajudando a combater o covid-19. Especialmente no domingo, devemos lembrar que enquanto podemos ter nosso almoço, muitos profissionais de saúde estão na linha de frente nos hospitais cuidando das pessoas contaminadas.

Podemos estar sentindo um certo desconforto com toda essa situação, mas ter em mente que muitos estão lutando em sofrimento ou lutando pela sobrevivência também é importante. Portanto, também aproveite o momento para sentir gratidão pela própria saúde e de todos ao seu redor.

Texto compilado de Tatiana Pimenta – CEO e Fundadora da Vittude.
(https://www.vittude.com/blog/pascoa-na-quarentena/) Acesso em Abril/2020

Mudança de Rotina em Época de Pandemia

Com  a chegada da notícia da Pandemia, bruscamente mudamos a nossa rotina e nossos hábitos. Fomos “obrigados” a reorganizar a nossa forma de estar em casa, nossas tarefas, trabalho, relações interpessoais, além da angústia do imprevisível, dos medos acerca do futuro e das consequências. Percebemos, de repente, que fomos postos em contato com questões que antes, estavam abafadas pelo vai e vêm corriqueiro e aparentemente seguro. Não estávamos preparados para lidar com certas situações e questionamentos trazidos à tona nesta condição de isolamento.

Diante desta realidade, as famílias que contavam com algum tipo de suporte para lidar com o cuidado e atenção de seus idosos, sofreram grande impacto e precisaram se reorganizar para acolher e cuidar da melhor forma em casa. Claramente, não é uma situação confortável e pode gerar muitos conflitos, stress, sentimento de culpa, sobrecarga, angústia e sensação de impotência. Mergulhar repentinamente numa situação não planejada como esta, pode ser uma experiência desagradável se não mantivermos o equilíbrio emocional e lidarmos com a realidade da forma mais coerente, prática e consciente possível. Diante disto, vale contar com a ajuda da rede de suporte que estiver ao alcance, pode ser desde uma conversa por telefone com um amigo de família até a atenção de um profissional especializado, há muitos teleatendimentos disponibilizados. Muitas vezes, pequenas dicas e conselhos nos auxiliam a achar novas formas de lidar com uma situação, aparentemente, sem solução, além da sensação de ajuda e acolhimento que tem um valor especial nesses momentos.

A organização de rotina, nestes momentos de caos repentino, é muito importante para não nos perdermos nas tarefas diárias e ajuda a estruturar as atividades do dia a dia oferecendo uma possibilidade maior de aproveitamento do tempo reduzindo consideravelmente a ansiedade causada pela desestruturação da rotina e hábitos anteriores. Com esta organização, há um aumento de chances de contemplarmos a maior parte das tarefas necessárias diminuindo, consequentemente, o sentimento de frustração e, quem sabe, sobrando até um espacinho para um lazer, um descanso ou uma pausa. Aliás, as pausas, podem e devem ser incluídas na listinha dentro da rotina. Vale dar uma espiada nas sugestões das tabelas de organização de rotina que podem ser adaptadas de acordo com os hábitos e características de cada família. No caso dos familiares cuidadores, há uma sobrecarga das funções e cumprir todas as etapas dos cuidados não é algo simples, pois além das demandas físicas e práticas do cuidar, somam-se as questões emocionais e afetivas que emergem ao entrarem em contato maior com seu familiar que outrora era assistido por algum serviço, uma instituição ou cuidador contratado.

Assim, nesta época em que precisamos estar em casa e abrir mão da maior parte dos apoios que tínhamos para darmos conta de todas as responsabilidades e papéis por uma causa maior, precisamos pensar nas perspectivas mais leves para esta vivência  e lembrar que é um momento transitório e que em breve voltaremos à antiga rotina. Então, seria oportuno termos centramento e escolhermos as melhores formas de estarmos bem durante este período. Selecionar formas de olhar, de significar, de agir, de pensar e de aproveitar positivamente as experiências que esta pandemia nos trouxe. Os modelos internalizados para vivenciarmos este episódio farão toda a diferença para enfrentarmos a situação presente e plantarmos boas lembranças e aprendizados deste desafio. Aproveitem este tempinho com seus idosos, façam as atividades de forma prazerosa, não há melhor estímulo do que o carinho, afeto e estar perto de quem se ama. O maior potencializador de qualquer estímulo é a afetividade e o significado atribuído para aquele fazer e para aquele momento.

Lidia Midori Maehira – Crefito: 6601-TO

 

10 atividades de Estimulação Cognitiva para Realizar com o seu Familiar*

10 atividades de estimulação cognitiva para realizar com o seu familiar*

Manter o seu familiar em hobbies e atividades que foram prazerosos no passado é importante após o diagnóstico da doença de Alzheimer e uma das formas de estimulação cognitiva.

A Doença de Alzheimer (DA), tipo mais comum de demência (50-80% dos casos, de acordo com a Associação Internacional de Alzheimer – ADI), prejudica progressivamente a memória, o comportamento e a capacidade funcional. No entanto, os estudos têm demonstrado que a estimulação cognitiva em idosos com DA tem melhorado o desempenho e o comportamento nas atividades de vida diária, graças à plasticidade cerebral. Nos casos de idosos com demência, o que ocorre é que as capacidades preservadas compensam as comprometidas pela doença.

Manter os parentes em hobbies e atividades que lhes deram prazer no passado é importante após o diagnóstico da doença e uma das formas de estimulação cognitiva, que dentre outros benefícios, auxiliam a: Ativar as memórias; aproximar o familiar da pessoa doente; encorajar a comunicação; diminuir a ansiedade e irritabilidade comuns a muitos pacientes com esta doença; fazer as pessoas com o diagnóstico sentirem-se mais engajadas com a vida; melhorar a qualidade de vida do familiar e do paciente.

Mas afinal, quais as melhores atividades para pessoas com Alzheimer? Isto é muito individual! É importante proporcionar atividades que tenham algum significado, que não sejam apenas para preencher o tempo. Considerar os interesses que eles tinham no passado, sabendo que muitas vezes as atividades deverão ser adaptadas para a realidade atual devido ao estágio da doença ou por segurança, afinal, o que antes era prazeroso, não pode ser frustração no presente.

Indicamos 10 atividades que podem ser realizadas com o seu familiar de forma prazerosa. Elas não devem ser propostas de uma só vez, faça em dias e horários diferentes, respeite o estágio da doença em que a pessoa se encontra e faça adaptações quando necessário

1) Cantem ou toquem uma canção – escolha de acordo com o gosto do seu familiar. Tente buscar canções que ele possa cantar junto, se perceber que ele soube cantar boa parte da música, pare de tocar e deixe-o cantando a capela.

2)Vejam álbuns de fotos – antigas ou recentes as fotografias são sempre uma excelente opção, um elo entre o passado e o presente, um bom gatilho para iniciar uma conversa, recordar uma história, nomes, datas, eventos. Muito da história de vida e da opinião sobre o seu familiar poderá ser descoberto neste momento!

3)Assistam vídeos da família – para esta opção também valem os vídeos recentes ou antigos; muitas vezes temos que ligar antigos aparelhos para conseguir transmitir as imagens, isso será outro exercício cognitivo. Quantas recordações! Que diversão será ver as roupas, cabelos, como cresceram as crianças!

4)Cozinhem pratos típicos da família – toda família tem o seu prato típico, doce ou salgado, talvez os dois! Aquela receita que só os mais velhos têm que são símbolo de aniversários, Natal, Páscoa, ou outra tradição, é o momento ideal de compartilhar e aprender a receita!

5)Releiam um livro que seu familiar gostava – não importa que ele já tenha lido, releiam, juntos podem ir conversando sobre o enredo, compartilhando ideias! Podem intercalar quem fará a leitura em voz alta, isso trabalha diferentes funções cognitivas.

6)Leiam um jornal ou uma revista – costuma levar o seu familiar para consultas médicas ou exames? Que tal aproveitar este momento e lerem juntos alguma reportagem? Conversem a respeito, tecem seus comentários e críticas, façam conexões com a história de vida.

7)Façam artesanatos e artes juntos – pintura, crochê, tricô, costura, bordado, entre outros trabalhos manuais, são excelentes, mas podem ser mais complicados a depender do estágio da doença. Vale buscar opções diferentes ao que seu familiar estava habituado para ser mais simples e prazeroso. Existem opções lindas específicas para este público à venda.

8)Cuidem de plantas ou visitem um parque – auxilie ou incentive seu familiar a ter plantas para cuidar, talvez ervas aromáticas que poderão ser colocadas na comida.

9)Assistam vídeos compartilhados nas redes sociais – atualmente é comum recebermos vídeos engraçados ou motivacionais nas redes sociais, raramente compartilhamos com o nosso familiar com Alzheimer; além de não ficarmos isolados ao smartphone, criaremos mais um momento de integração e comunicação.

10)Façam chamadas de vídeo para outros familiares – utilizem a tecnologia a seu favor, uma chamada por vídeo com parentes distantes pode ser muito enriquecedor e estimular bastante a cognição.

Caso seu familiar não goste ou resista em participar das atividades, dê-lhe um tempo, não se zangue, pois em nada irá ajudar! Tente proporcionar a atividade com uma aproximação diferente, expondo o que será feito, de forma diferente, ou apenas “puxando assunto”. Pergunte a ele(a) quais atividades gostaria de realizar, ou o que gostaria de modificar em algo que já fazem em conjunto. Lembre-se de se concentrar no processo, no momento presente e não no resultado, não há problema se ele(a) não se recordar do que fizeram algum tempo depois, ou se o nome do parente para quem telefonaram não for lembrado, o importante é que enquanto a atividade estiver sendo realizada, exista prazer, para ambos!

A demência pode afastar o idoso das atividades, da família e dos amigos, mas mantendo essas relações e interesses podemos reduzir drasticamente os prejuízos à cognição e melhorar a qualidade de vida de todos.

*Texto elaborado e compilado de Fabiana Satiro, Pedagoga especialista em Gerontologia pela Unifesp com titulação pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP, Sócia na empresa 50Mais Ativo, Coordenadora do Grupo de Apoio de Perdizes da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz-SP), para o Portal do Envelhecimento e Longeviver.

Leia mais: Portal do Envelhecimento e Longeviver  (https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/10-atividades-de-estimulacao-cognitiva-para-realizar-com-o-seu-familiar/) Acesso em Março/2020

Identidade na velhice e aposentadoria

Beatriz Leite Machado

Psicóloga CRP 06/134462

O trabalho da Psicologia com os idosos no centro-dia, principalmente em quadros de prejuízo cognitivo e demenciais, parece trazer como tema e objetivo principal a memória e a estimulação cognitiva. Isto é bastante verdade, porém a estimulação se dá de forma mais eficaz quando há um assunto com que o grupo pode se identificar e apropriar-se. Além disso, o trabalho com memória traz conteúdos pessoais e sociais que não podem ser ignorados, e que se fazem importantes na (re)construção de identidade do idoso.

Atividade com a psicóloga

Um assunto que foi trabalhado com o grupo de idosos no Centro-dia em maio de 2019, que remeteu a memórias e a experiências atuais, foi “Aposentadoria”. Os resultados desta atividade trouxeram reflexões para o grupo e para a equipe.

A proposta era discutir o que é aposentadoria, qual a importância e qual o desejo de continuar trabalhando. O grupo era de 8 idosos, porém uma delas, devido seu quadro cognitivo participou de forma alternativa com necessidade de manejo de sintomas comportamentais e atenção. Somente uma idosa não possuía nenhum prejuízo cognitivo.

Os idosos receberam folhas com perguntas. Conforme respondiam, trocavam de folhas entre si, de forma que todos responderam às mesmas perguntas e leram as respostas uns dos outros. Alguns participantes, com maior prejuízo cognitivo repetiram respostas. Organizei o conteúdo, condensando algumas respostas que se repetiram ou que tinham o mesmo significado e foram esclarecidas em conversa com grupo.

O QUE É SER APOSENTADO?

            É cumprir tempo de serviço.

            Um direito do idoso, ter benefícios por já ter trabalhado muito.

            É útil. É importante dar valor ao tempo que foi trabalhado e ao que tem agora, dar valor à vida.

            É quando já não se trabalha mais.

O QUE VOCÊ ESPERAVA DA APOSENTADORIA?

            Poder descansar, e realmente posso. Comprar presentes para pessoas queridas, passear… Poder viver.

            Receber de volta o que contribuí. Nada diferente.

GOSTARIA DE CONTINUAR TRABALHANDO?

            Sim, enquanto posso.

            Já trabalhei muito em casa…

            Não.

            Faço algumas costuras.

QUAL A IMPORTÂNCIA DE RECEBER APOSENTADORIA?

            Para poder viver, a gente precisa desse dinheiro. Ter segurança.

            É meu direito receber de volta o que eu contribui.

O QUE SE DEVE FAZER QUANDO SE APOSENTA?

            É preciso ter os documentos em ordem para receber o que é seu direito.

            Quero passear e descansar. Viajar…

            Não se deve fazer mais nada.

        É POSSÍVEL CONTINUAR ATIVO?  DE QUE FORMA?

            Com saúde, é possível.

            É preciso. Trabalhando em casa, buscando estar melhor sempre.

            É importante fazer outras coisas para não ficar sozinho, sair de casa, ter amigos, ver coisas diferentes.

É IMPORTANTE PENSAR NA APOSENTADORIA?

            Sim, é o que vai nos ajudar a viver quando não trabalharmos mais.

            Traz segurança. Para viver melhor.

 Gostaria de compartilhar algumas reflexões que as respostas geraram. Primeiro, a percepção de contribuição e de segurança associada a aposentadoria. O grupo faz parte de uma geração que viu os direitos trabalhistas se desenvolverem, e criou uma relação com o trabalho muito diferente das gerações atuais. Conheceram a instabilidade econômica, inclusive por muitos integrantes serem imigrantes ou filhos de imigrantes. Além disso, as mulheres, ainda que tenham sido donas de casa, viúvas recebem pelo marido. Não busco debater questões políticas atuais, porém não podemos ignorar como a aposentadoria está associada à imagem que esses idosos tem de si e suas velhices.

Em segundo lugar, pode-se observar que a noção de receber pelo tempo de contribuição não está associada ao descanso somente, ou ao alheamento. Foi relevante que as falas trazem a busca por viver, “É importante dar valor ao tempo que foi trabalhado e ao que tem agora, dar valor à vida.” (Sic), “Comprar presentes para pessoas queridas, passear… Poder viver.” (Sic), “Para poder viver, a gente precisa desse dinheiro.” (Sic), “Para viver melhor(sic). 

Com poucas exceções, que apresentaram pontos de vista menos otimistas, dentro do grupo, é visível como, mesmo que a aposentadoria signifique meio de sobrevivência pra uns, ainda está associada a potencias, de viajar, de compartilhar afetos com pessoas queridas. Entende-se que há lugar para ganhos e prazeres na velhice.

O dinheiro, de forma geral, é o maior poder que se pode ter perante a sociedade já há anos. Podemos refletir então na importância da aposentadoria, mesmo para aqueles que não tem total autonomia de suas finanças. O peso de ser reconhecido como alguém que contribuiu, e por isso receberá contribuições também. É um assunto que abre campo para discussões em diversos aspectos, porém busco me ater à autoestima e identidade na velhice. O valor de ser reconhecido. Se pensarmos em dinheiro como poder, a aposentadoria é uma legitimação de quem se aposenta (majoritariamente idosos), ou seja, é legítimo que o aposentado se mantenha ativo como cidadão tanto quanto qualquer outro sujeito não aposentado.

É interessante pensar como essa perspectiva parece bastante lógica, e se faz presente de forma sutil, pois no imaginário social, aposentadoria ainda é fortemente associada a invalidez e/ou impotência.

Trago essas breves reflexões como forma de estimular todos nós a continuarmos transformando nossa visão de velhice, envelhecimento, demência… E valorizando as potências e limitações com que nos deparamos.    

ALTERAÇÕES NA COMUNICAÇÃO NO IDOSO*.

O dia 10 de novembro foi instituído como o Dia Nacional da Surdez. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2015, apontam que no Brasil existe um total de 28 milhões de pessoas com surdez. Isso representa 14% da população brasileira. A OMS aponta que 10% da população mundial têm alguma perda auditiva e boa parte dessas pessoas teve a audição danificada por exposição excessiva a sons.

Ricardo Bento, professor titular de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina (FMUSP), afirma que o número de pessoas com surdez no Brasil tende a aumentar por diversos fatores. Um deles é o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. O Brasil possui mais cidadãos idosos do que em décadas passadas, e como entre 60 e 65 anos o indivíduo começa a ter perdas significativas de audição, intensificada com o passar dos anos, é natural que a porcentagem de brasileiros que sofrem com a perda de audição seja maior em relação aos anos anteriores[1]

[1] Leia mais em: <https://jornal.usp.br/atualidades/quase-30-milhoes-de-brasileiros-sofrem-de-surdez/ >. Acesso em Novembro/2019

A audição é muito importante para nos comunicarmos bem. Nos idosos, ocorre a presbiacusia que é a diminuição da audição relacionada ao envelhecimento devido a alterações degenerativas.

Essa diminuição da audição dificulta o processo de comunicação, podendo trazer isolamento (evita conversar, ir à festas e reuniões, assistir TV etc) e alguns riscos de morte (não ouve buzinas ou automóveis, telefone etc).

Portanto, devemos observar:

  • Se há queixa de ouvir, mas não entender;
  • Incômodo com sons intensos;
  • Aumento freqüente do volume de TV e/ou rádio;
  • Necessidade de repetir várias vezes a mesma informação;
  • Isolamento, evitando participar de festas ou reuniões familiares, por exemplo.

O que fazer?

  • Avaliação com médico Otorrinolaringologista, que, se necessário encaminhará o indivíduo para avaliação e acompanhamento fonoaudiológico;
  • Quando estiver conversando com o idoso, sempre olhá-lo de frente;
  • Repetir a informação de forma pausada e bem articulada (movimentando bem a boca ao falar);
  • Evitar ruídos enquanto fala (TV e rádio ligados, por exemplo).

Devemos também estar atentos a alguns fatores que podem interferir na produção de fala:

  • Temos de ter certeza de que o idoso compreendeu o que falamos;
  • Procurar movimentar bem a boca no momento em que está falando, garantindo assim uma boa articulação da fala;
  • Devemos evitar o pigarro que irrita as cordas vocais, piorando a qualidade da voz;
  • Beber bastante água;
  • Evitar mudanças bruscas de temperatura e uso de pastilhas, sprays, gargarejos e chás para irritação na garganta;
  • Nos casos em que houver rouquidão persistente por mais de 15 dias, procurar pelo médico Otorrinolaringologista;
  • Uso de cigarro e bebidas alcoólicas também prejudicam a qualidade da voz.

 

*Texto elaborado pela Fonoaudióloga Daniela Horikawa para o Manual dos Cuidadores – CRINorte.

Leia mais: <https://pt.calameo.com/read/001242420df6a39d53cb3?authid=6kwHNI2nvfio> Acesso em: Novembro/2019.